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Recém Chegados: Capítulo 1, parte II

Posted by Edinaldo Freitas on 22:13 in ,

O homem saiu pela porta dos fundos, está olhando pra cá, espero que ele não tenha me visto, a garotinha está olhando em minha direção, espero que ela também não tenha me visto, acho melhor sanar minha curiosidade outro dia.
- Pai você viu? Tenha alguma coisa do outro lado da rua, e estava olhando para cá
-Não é nada Lisa, deve ser mais um cão faminto procurando por comida, vamos, saia do balanço e venha comigo para dentro, sua mãe já está com o jantar pronto e mandou eu vir buscá-la para jantar.



“Pouco me lembro de minha infância, logo quando chegamos em nossa nova casa, agora em Marseille, corria na casa toda, queria descobrir tudo, eu era muito curiosa quando pequena, eu devia ter cinco anos na época e já era minha segunda casa, não sei bem o que meu pai fazia, sei que ele mudava muito de cidade, estava sempre viajando, pouco nos víamos, normalmente o via nos fins de semana. Minha mãe não, minha mãe adorava bordar, lembro que ela comprava uns vestidinhos, quase sempre eram brancos, ela bordava flores neles, eu nunca usava, seguíamos a religião de meu pai, meus vestidos chegaram escondidos na mala marrom, e durante o resto do tempo, ficavam escondidos, espremidos entre os lençóis no armário, tudo isso para meu pai não ver, ele odiava, minha mãe era obrigada a vestir uma roupa comprida e escura, pouco mostrava o seu belo rosto.
Da minha casa eu lembro pouco, lembro-me das flores amarelas logo na chegada, da grama alta e dos pássaros cantando nas árvores próximas da varanda, o ar era tão puro, parecia uma casa de campo, e um balanço amarrado no galho mais grosso da árvore próximo a rua, era ali meu cantinho predileto na casa toda. Lembro-me, muito que vagamente, de algo estranho no outro lado da rua, me chamou muito atenção, parecia um vulto, alto o bastante para não ser uma criança, e baixo o suficiente para notar que não era um adulto.
        Era algo tão estranho, ficava escondido atrás das rosas que coloriam o jardim daquela velha casa, parecia ouvir nossa conversa e aos poucos foi se retirando, vagarosamente para que não fosse notado, ele entrou para dentro da casa de madeira por uma porta lateral, na frente, logo na chegada uma cerca baixa, também feita de madeira, a casa era uma chalezinho, caindo aos pedaços, o teto tinha feito uma curva no centro aparentava que a qualquer hora cairia, logo ao fundo uma chaminé, que não parou  desde nossa chegada.”

        Lisa e David logo entraram para dentro de casa, do outro lado da rua, o vulto embora tivesse um pouco de dúvida, se tivera sido visto, acabou se recolhendo pra dentro de sua casa. Estava pensativo, não seria nada convidativo se fosse pego espionando os novos vizinhos não é mesmo.

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